Entendendo a pesquisa médica
O que procurar na leitura da pesquisa médica
A leitura de notícias médicas pode ser um exercício de frustração. Às vezes parece que as descobertas deste mês sempre contradizem as do mês passado. Como você sabe no que acreditar?
Às vezes não. Mas uma pista para a qualidade é o projeto do estudo. Embora nenhum estudo seja perfeito, alguns são mais propensos a produzir resultados confiáveis do que outros.
O padrão ouro é o ensaio controlado randomizado (RCT). Este tipo de estudo tem sempre estas características:
- Possui um grupo de tratamento. Estas pessoas recebem a terapia em estudo.
- Ela possui um grupo de controle. Estas pessoas são o mais parecidas possível com as do grupo de tratamento, exceto que não recebem o tratamento experimental. Ao invés disso, podem receber o tratamento padrão ou um placebo (como um comprimido sem ingrediente ativo).
- Os assuntos são designados de forma aleatória. Nem os sujeitos nem os pesquisadores podem escolher quem vai em qual grupo. A designação é determinada por acaso, por exemplo, atirando uma moeda ou fazendo com que um computador designe aleatoriamente os voluntários.
Um RCT muitas vezes também tem estas boas características:
- É duplamente cego: Nem os pacientes nem os pesquisadores sabem quem está em qual grupo. A cegueira aumenta muito a qualidade de um estudo. Mas cegar nem sempre é possível?um exemplo disto seria um estudo que compara pacientes que foram operados com aqueles que não o fizeram.
- Tem um grande tamanho de amostra (número de sujeitos).
- Os assuntos são acompanhados por um longo tempo.
Outros tipos de estudos
Se os RCTs fornecem as melhores evidências, por que os cientistas realizam outros tipos de estudos?
Custo, por um. Os RCTs são caros; geralmente devem ser financiados com grandes subsídios do governo ou da indústria. Eles também levam muito tempo. E em alguns casos, os RCTs não são sequer possíveis. Por exemplo, seria altamente antiético expor um grupo de pessoas à varíola. Portanto, os cientistas devem fazer outros tipos de estudos.
Um passo abaixo dos RCTs são os estudos de caso-controle e coorte.
- Um estudo de caso-controle olha para trás. Ele compara pessoas que já têm uma certa doença com um grupo de pessoas semelhantes sem a doença para procurar ligações entre a doença e eventos passados. Por exemplo, os pesquisadores podem comparar os alimentos consumidos por passageiros de navios de cruzeiro que foram envenenados e os que não o foram.
- Um estudo de coorte aguarda com expectativa. Ele começa com pessoas que foram expostas a um certo fator de risco e outras pessoas que não o foram e vê o que acontece com elas mais tarde. Por exemplo, um estudo pode seguir as mulheres que usaram hormônios e aquelas que não tiveram que rastrear e comparar as taxas de desenvolvimento de câncer.
Outros estudos científicos são um pouco mais baixos na força das evidências que eles fornecem.
- Um estudo de corte transversal analisa um único ponto no tempo. Exemplos incluem a pesquisa de pessoas com diabetes para ver quantas tomam aspirina e comparar as taxas de artrite em pessoas com sobrepeso e magras.
- Um estudo ecológico compara taxas de doenças em diferentes populações?por exemplo, taxas de cavidades em cidades com diferentes níveis de flúor em suas águas.
- Os relatórios de casos e séries de casos fornecem as provas mais fracas. Eles descrevem as experiências de um paciente (relato de caso) ou de alguns pacientes (relato de série de casos). Por exemplo, quando a AIDS apareceu pela primeira vez, também os relatos de casos descrevem pacientes gravemente doentes com um conjunto intrigante de sintomas.
- Outro tipo de estudo que está ganhando popularidade é a meta-análise. Neste tipo de estudo, o cientista não trata ou observa realmente os sujeitos. Em vez disso, o cientista procura na literatura médica por estudos semelhantes e reúne os resultados. Na verdade, uma meta-análise cria um estudo com um grande tamanho de amostra. Uma meta-análise, entretanto, é apenas tão boa quanto os estudos que ela inclui.